sábado, 15 de agosto de 2009

"Breake"

Estava eu tentando adiantar meus deveres acadêmicos, como de costume deixando que as músicas me aparvalhassem ao invés das vozes, estando na página cinco, mas fazendo por fazer, pois minha cabeça insistia em não estar amistosamente interessada naquilo. Agora estou aqui, poucos dias se passaram desde que deixei de escrever, e nesse espaço de tempo surgiu talvez o melhor discurso que faço pra mim mesmo, e agora, ao insigne leitor.

"Me entendendo"

-Quanta coisa 'você' guarda com 'você', qual a razão?
-Não há razão, aceito que tais fatos devam ficar onde foram deixados, pois há um motivo pra estarem lá. É como a posição de um raio-de-sol que ao cortar uma nuvem, abre um corredor que não há uma pessoa que não se sinta iluminada ao receber tão-somente ela, tamanha energia.
-Às vezes eu penso que você não é daqui!
-Por sorte, não.
-Eu queria conhecer esse seu mundo, pois neste que estou não há motivação para sobreviver.
-Esse é seu problema. Não percebe que está tornando tudo um jogo ardil?
-Quem me diz é o mesmo do "Esse jogo é muito difícil"!
-Exato.
-...
-Você quer sobreviver? Que jeito medíocre de levar sua vida. Até os camelos são capazes de sobreviver a longas semanas no deserto mais árido.
-Grande exemplo, não são eles que possuem características para a sobrevivência?
-Sim, mas será que são felizes?
-Como saber isso de algo irracional?
-Eu suponho que não. Suponho também que não lhe devo refutações. No "meu mundo", a vida é bem diferente.
-Então me mostre o caminho!
-Não me faça rir! Acredita que após todos esses anos eu ainda tenho em mente moldar o mundo a mim!?
-Não quero ser como você, mas quero tê-lo em mim.
-Entendo, vou te mostrar como penso.

(silêncio)

-Não quero mentir, mas talvez o caminho que eu te mostre, não seja o verdadeiro. Aliás, nunca será fiel.
-Já imaginava, mas você torna tudo tão difícil.
-Não. Difícil é caminhar com as próprias pernas.
-Certo, estou disposto a isso.
-Essa é a melhor coisa a fazer. Enquanto isso saiba que sempre haverá alguém que te levará nas costas quando seu corpo quiser se juntar a seus pés, ou a bonança do solo.
-Quem é essa pessoa?
-Sinto em não saber, mas ela existe.
-E você conhece a pessoa que te levaria nas costas.
-Creio que sim, e também a quem desejaria levar.
-Quem?
-Só as nuvens do ocaso sabem, espero que ela saiba, pois dedico, mesmo que as vezes involuntariamente, meus pensamentos à ela. Pois ela já tenho em mim.


--

I hope to be inside of you, the only person able to sway me with just a look.

ただ私はあなたについて考える

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Desenho...

Tenho outros, mas esse é o "escolhido"

Vórtice



Pés em movimentos pávidos
Anseios do previsto feneceio
Riscos cortam os céus feitos intensos lumes
Damas aprontam círios
Cavalheiros perdem compostura
Crianças entregues ao acaso
Todos perdem resquícios de senciência
Que divindade não se abasta?

A quem pertence tal obra pungente
Não é aquele que rabisca de tempos em tempos
Todos tragaram apenas um truísmo
Não havia hesitação

A tenebra se anunciou

Lares são ofereciam mais aprumo
Alguns optaram pela redenção
Outros seguiram por incógnitos condutos
O futuro pertencia ao seres empíreos
Ainda que agora morassem na descrença

Vórtice
Limpa os campos e leva existências
Engolfa agonias e gritos
Escancara sua cólera
Leva a matéria a uma dimensão excêntrica
Turva, deformada, fósmea
Um labirinto
Até Teseu asseveraria mais afável

Enfim os humanos a avistam
Não era celestial a moradia das divindades
Fazia jus ao seus méritos

Remanesce a inação
Daqueles que jamais serão meritórios de uma lápide

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Dica de música

Não é segredo a quem me conhece que sou fã (não-idiota) do Aerosmith. A seguir, a música "Kings And Queens" (Douglas, Hamilton, Kramer, Tyler, Whitford), gravada em 1977 para o álbum "Draw The Line". Essa música foi uma das mais difíceis de se concluir, é considerada um rock medieval com jeito de balada, única música da banda nesse estilo, aliás, uma das poucas que conheço.



Vale à pena apreciar a letra:

Long ago in days I'm told
Were ruled by Lords of greed
Maidens fared with gold they dared
To bare their wombs that bleed
Kings and queens and guillotines
Taking lives denied
Starch and parchment laid the laws
When bishops took the ride
Only to deceive

Oh I know I lived this life before
Somehow know now truths I must be sure
Tossin, turnin' nightmares burnin'
Dreams of swords in hand
Sailin' ships the Viking spits
The blood of father's land
Only to deceive

Living times of knights and mares
Raising swords for maidens fair
Sneer at death
Fear only loss of pride

Living other centuries
Deja vu or what you please
Follows true to all who do or die

Screams of no reply
They died
Screams of no reply
And died
Lordy Lordy they died
Lordy Lordy they died

Live and do or die
They died
Live and no reply
They died

Malabarista

As tardes têm ganhado sorrisos
O cinza tornou-se apenas uma cor
Vemos em sua figura sentimentos concisos
Um ser capaz de silenciar relampagos
Romper instigadores abismos
Tornar a madrugada uma volta na abóbada celeste

Creio que veio à apascentar
Palavras sinóticas
Pude encontrar a inocência em seu olhar
Ocorre um digladeio dentro de mim
Sua presença é incomoda
Todavia singular

Que os dias são verdadeiras eras
O que te move é uma confidência
Que fortia, máscaras austeras
Por que não me mostra o seu lado?
Seu findo nas cavernas?

É um jovem de inimagináveis proezas
Com uma alma tão calejada
Quero ser sua fortaleza
O bafejo que move sua vela

Será realmente um malabarista?
Aptidões de mágica
Feitos de coragem
Reflexos hábeis

Jovem, apenas muna-se de vestes
Encontre um lugar de invernáculo
Crescerá sim, com espinhos
Mas um notável imaculado

E assim se afortunará de replicos aclames

Voragem

As enigmáticas paredes do sótão me acolhem
Só nelas posso apoiar os ombros
Guardam os primórdios do ontem
Um passado perdido nos escombros

Herdei apenas a solidão
Me recordo de corpos fugindo
Seres implorando perdão
Consciências se exaurindo

Almas frias como a ponta de lança
Um silêncio ensurdecedor
Em minha mente aplausos da última dança
Senhora, agradeça ao senhor
Ele a conduziu ao último espetáculo
Está prestes a viver sua última dor

Pertubaram a ordem
Não nascerá novamente com o sol
A imensidão aguarda espíritos que evanescem
Corpos do lado de fora banhados em arrebol

Não há nada a fazer
Esse frio levará sobras da crueldade
Fui glorificado, sou o último a morrer
O único com dignidade

E nada mais parece perigoso
Perdi os sentidos e não estou mais em mim
Um adormecer moroso

Cores desbotam
Tempo congela
Luzes se apagam

E não há motivo para que eu continue vivendo
Encerram-se mediocres vidas
Não há mais espaço para o medo
Não há mais espaço para feridas
Apenas mais um dia que nasce
E se apronta para novas partidas