domingo, 13 de junho de 2010

Pra falar sobre alma e espírito

"Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito se renova a cada dia. Essa pequena e passageira aflição que vivemos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior que o sofrimento."
2 Coríntios 4: 16

Eis um tema polêmico onde eu gastaria infinitas linhas tentando dar forma a algo que não tem, sendo assim não quero esgotá-lo aqui. Não posso deixar notar a diferença entre espírito e alma, esse último aproxima-se mais do imaterial que vive dentro de nós. Enquanto a alma é motivo de eterna descoberta, espírito é uma incógnita. Por isso mesmo, deixo que cada um veja espírito com os olhos de sua verdade. De onde estou apenas concluo e espírito e alma coexistem.


O corpo torna o espírito visível, mas com o preço de torná-lo atingível. É certo que somos guiados pelo consciente e desviados pelo inconsciente, que a incrível máquina chamada cérebro na verdade é um labirinto, um labirinto com paredes altas porém transponíveis. São raras as pessoas que se despendem nessa aventura, a aventura de conhecer a si mesmo, um tipo de sosofobia.


Alma é uma palavra muito usada em poesia, nos dá a dimensão de algo oculto e perdido em algum canto, que guarda apenas a beleza. Em qualquer canto talvez, às vezes doamos uma parte de nossa alma na tentativa de imortalizá-la, dentro de alguém, na matéria de um objeto. Às vezes a perdemos pela ligação umbilical que a submetemos, até quando não há (mais) necessidade.


Espírito, algumas pessoas se arrepiam com essa palavra. Fantasma, quase sempre causa temor, é a ideia de algo indesejável que retorna. Eu aprendi a não ter medo de tudo àquilo que não seja humano. Se alma e espírito existem, provavelmente é a transcendência do ser humano, é um estado que habita o mundo da perfeição.


Será então que o pecado está incutido apenas no material? Quanto um espírito suporta quando cotejado a um animal irracional? Em outras palavras, eu desejo saber se a luz é o destino de todos os espíritos. A resposta mais óbvia é que não, que existem espíritos que se assemelham a fantasmas, e almas que tiram a energia de outras ao seu redor. Talvez seja apenas uma condição onde sua submissão é justificada pela busca da perfeição, afinal, “não existe escuridão, apenas a ausência da luz”.


É impossível não tocar no assunto imortalidade, outro óbice que toma diversos aspectos, seja por aqueles que acreditam na reencarnação, ou aqueles que acreditam em céu e inferno. É sabido que a biologia através da seleção natural deu cria a um invejável ser imortal*, mas não é nesta imortalidade que estou tocando, refiro-me ao estágio que precede a morte física. Relatos de pessoas que afirmam ter visitado esse outro “descrito” mundo é muito comum, assim como a ideia histórica de ser um lugar plácido, iluminado, com pessoas trajando roupas brancas, enfim, o paraíso. Um paraíso tocável, onde espíritos ganham forma ou assumem sua forma real. Imortalidade me soa como uma ambição, adoto a eternidade, pois me soa como um divino laurel.


Viver é não esquecer que viver é finito, é cuidar do exterior por necessidade e do interior pela felicidade, é saber encontrar um lar em nós mesmos e, principalmente, encontrar o lar num semelhante.

*http://super.abril.com.br/ciencia/voce-pode-ser-imortal-535997.shtml

sábado, 5 de junho de 2010

Ao desconhecido

Algo transpôs meus olhos
E me fez perceber o quão estou vulnerável
O quão por mais forte que eu confie estar
A simples rotura de uma fenda basta
Para deixar o vento atravessar e me levar à outra costa

Algo tocou meus pés
Tornei-me ciente do que não era bem-vindo
Ofereci apenas o visível para aqueles que apenas esperavam ver
Há coisas que morrerão comigo, mas que minha aura denuncia
E outras que minha falsa realidade apagará

Algo desfalcou minha voz
Não havia outra força além da suficiente para mim
O medo me fez consumir todo o oxigênio tentando lhe afogar
Agir como um animal às vezes é ser humano
Nos últimos baques vi que é disto que um humano passa
E como um baque estes passam

Algo gritava comigo e eu não entendia
Eu não quero entender outro dialeto que não seja o meu
Eu não quero ganhar asas e descobrir que o mundo nunca foi feito pra mim
Eu só quero voar o mais alto possível e me congelar
Vou despencar frio, frio... Ninguém notará que eu
Na verdade era aquele que partiu do mais alto empíreo
Ofuscou a claridade e lhes roubou a atenção
Uma única vez, por um torpe motivo

Algo me estendeu o braço
Agarrei-me como um novo pupilo ao último abraço
Sem demonstrar-me alento
Apenas desejava que me acompanhasse
Afinal sempre quero saber o que vem após
Não temi que o ponto final enfim se descortinara

Algo me ancorou
Eu estava sobre alguma espécie de encanto
Eu estava num sonho que virou pesadelo
Agora apenas seguro firme na mão
De quem um dia eu quis que voltasse pelo atalho
Que criei num solo inconsistente
Eis a época em que eu agia por impulso

Viver na ilusão era a regra
Viver na realidade agora é minha punição

Que alguém me permita ser empurrado...

Impulso I

Não são todos que têm o dom da própria vontade
Não são todos que entendem que não há ninguém que te obrigue a agir
Há apenas a reação
Há apenas a intuição
Há apenas...
...você


(...)