quarta-feira, 11 de maio de 2011

"Vis Psique"

Recentemente, o episódio batizado de ”O Massacre do Realengo” trouxe comoção ao país, traduzido no espírito de compaixão somado ao de revolta social. É impossível ficar indiferente nessas circunstâncias, não só nessas, mas em quaisquer outras que se mostrem tão próximas à integridade de um cidadão.  Durkheim entendia que uma sociedade sem violência é uma sociedade anômala, justificando-se pelo caráter de comoção que, segundo ele, alimenta o espírito de mudança social.  Insere Nietzsche o tema aos aspectos do niilismo, considerando essa uma grave doença.  Visto desses prismas, é fácil perceber que o acesso à informação tem um papel crucial, porém, nossa “informação” infelizmente perfaz-se num espetáculo irresponsável e enfadonho. Desejável seria que a informação importasse até o ponto em que o acontecimento não seja vítima do esquecimento e indiferença social.

A crítica aos modos de exteriorização da informação é antiga, mas deixa-la vir à tona é deixa-la percorrer um caminho inverso ao que segue nossa mídia. Sendo objetivo, a cerne da discussão está no antolho colocado na população, disfarçado sob o aspecto da informação mais completa, mais analítica aos fatos, mas nem sempre há absoluta veracidade e imparcialidade.

A violência muitas vezes é um comércio, mas aí entra a genérica justiça do homem.  Já a informação, há tempos preocupa-se apenas com o lado comercial, pois que outro estímulo poderia ter nossos jornalistas frente a nossa cultura que teve seus preceptores interessados na alienação das massas? A partir daí outros ramos sociais compactam a informação e a entregam de forma concluída e indiscutível (cito como exemplo, por sua excelência, as instituições religiosas). 

O mais grave não está no interesse comercial escamoteado, mas na agressão psicológica. Pode ainda ser um mistério à ciência como se dá o funcionamento do cérebro humano e como cada um entende o mundo a sua volta, a maneira de como a si lhe fora apresentado. Mas é certo que plantar uma semente sadia gera frutos sadios, ainda que um ou outro não, assim como é certo a ideia de Sócrates quanto à existência do caminho à luz. 

Retomo a questão do medo à agressão que assola cada indivíduo. De certa forma, é instintiva querermos proteger nossa própria vida. Infelizmente o aprimoramento cultural não, ainda que nosso privilegiado discernimento sirva pra isso. Questiona-se, então, se haveria um remédio a essa doença, se seria possível à criação da pílula “soma” de Huxley. Ainda que possível, caminhamos a passos lentos e desmotivados, mas caminhamos. Como exemplo, cito a forma como abordou o tema a TV Cultura: evitando mostrar cenas do massacre, vídeos e fotos do “espetáculo”, focando mais nas soluções. Como visto abaixo:


 “É que, além de aflitos e desorientados pelo excesso de informação inútil, somos muito superficiais. Falta-nos o hábito de observar e refletir. Assustados com responsabilidade, escolha e decisão, despreparados como adolescentes, nos desviamos do espelho que faz olhar para dentro de nós.” Lya Luft.