sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Efeméride


-----Hoje, aos 03 de setembro, talvez um dia como qualquer outro, senão por amanhã ser o dia em que se iniciou (para delimitar de modo prático) a Idade Média, com a queda de Roma. Não vou dar aqui uma aula de história, ocuparia milhares de linhas e é de se esperar que a escola regular tenha, ao menos, nos apresentado. Para não tomar mais linhas, vou ao que interessa... ou não, pra quem ainda vive na Idade Média: o desenvolvimento da ciência e do conhecimento.


-----A Era Medieval foi marcada pelo homem tentando dar novas destinações ao capital acumulado na Antiguidade. A filosofia, basicamente, apoiou-se em Platão e Aristóteles, fazendo surgir os neoplatônicos (hostilizados posteriormente pelos cristãos), estes colaboradores no desenvolvimento do pensamento escolástico, a principal contribuição desse momento da história ao que entendemos hoje sobre o eterno conflito entre razão e fé. Tal conflito tentou, nesse momento, "entrar em acordo". A Igreja não estava com medo da "revelação", só temia o que isso acarretaria na erigida salvação. Espalhada por toda a Europa, a filosofia escolástica tentou unir as descobertas da ciência com aquilo atribuído pela Igreja como autoria de Deus, transformando tal objetivo em um verdadeiro dogma.


-----O desenvolvimento da física e da metafísica ampliaram os horizontes que a razão, criada a partir do que é visível, podia não conhecer. O visível também deu conceito ao universo, a Terra foi posta como o centro do restante, estando ela repousada em nada, sustentada apenas pelo poder divino. Internamente ela é repleta de canais de água, afinal a encontramos aonde quer que haja uma escavação. Os continentes ganham nomes: Ásia retira seu nome de uma rainha; Europa idem, do rei Europo e rainha Europa; e a África surge de Afer, um dos descendentes de Abraão.


-----A lua é culpada pelas altas na maré (com razão), porém injustamente responsabilizada pelas tempestades, turbilhões, existência de água doce e salgada. Os demônios vivem nos ares, aprontando-se nas tormentas, esperando pelo o dia do Juízo Final. Os planetas descobertos, sete até então, tinham uma rotação harmônica, cada um com um intervalo diferente, daí surgindo às notas musicais.




Sacrobosco, imprimiu e assim difundiu pelo mundo a astrologia.


-----Surge também, no início do segundo milênio, a primeira universidade, a Universidade de Paris, totalmente submissa ao domínio dos papas quanto ao quadro de professores e o sistema de ensino. Ainda sobre a educação, desde os primeiros anos de vida o método de ensino visava dar continuidade às técnicas já descobertas e praticadas pelo homem, além de criar, dentro de uma nação, uma sociedade de cultos, através da ressuscitada Belas Letras.


-----Desde os primeiros pensamentos escolásticos, surge a concepção de que o homem é formado de corpo e alma, fato até então defendido pelos cristãos, mas agora posto de outra forma, onde ao contrário do pensamento religioso, tornava-se difícil a aceitação da imortalidade da alma. O corpo usa de seus sentidos para construir o intelecto, já a alma é responsável pela sensibilidade e pela criação de imagens para seu processamento pelo intelecto, além de ser o instrumento de Deus para o nosso contato com Ele. Todo homem que entra em contato com seu interior, aí sim conhece Deus.


-----E por fim, algo que não poderia faltar: o direito. Na escolástica, encontramos os primórdios da sistematização do direito, dividindo-o em leis da razão divina, leis da lógica da natureza, e leis do homem para consigo mesmo. Todas essas linhas do direito deveriam estabelecer uma relação harmônica para a cristalização de uma sociedade organizada e desenvolvida. Com o passar dos séculos, todo esse pensamento tornou-se racional, onde foi afastada a influência da religião, como hoje podemos ver.


-----Por tratar-se de um período caracterizado pelo desenvolvimento do pensamento a cerca do papel e posição do homem, a Idade Média ainda encontra-se, de alguma forma, sobre a sociedade contemporânea. Aquele velho sonho surgido na Universidade de Paris, ainda vive: pensar o verdadeiro para toda a humanidade e fazer com que ela aceite o que o verdadeiro impõe.